quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Depois do fim.

Sentia um vazio gigantesco, um oco, um vácuo dentro do peito. Seu coração já não batia na intensidade normal, e cada vez mais ia sendo esmagado dentro daquele corpo sem vida que ela desfilava por aí, fingindo estar tudo bem. Transbordava de dentro dela uma tonelada de palavras - que há tanto tempo guardava só esperando a hora certa para poder despejar nele. Naquele momento pensou: “Agora é a hora” – e cheia de coragem foi até ele para acabar com tudo aquilo de uma vez por todas. Começou a falar sutilmente sobre seus sentimentos e sua frustração diante daquele relacionamento desgastado e infeliz. Ele ouvia atento a tudo, com um olhar pensativo, como se concordasse com cada palavra que ela dizia! Sentiam que aquele era o fim; e mesmo que nenhum deles confessasse a si mesmos que estava acabando, sentiam que o fluxo da conversa ia lentamente se aproximando do ponto onde tanto temiam chegar. Ela começou a confidenciar a ele tudo o que sentia e ele da mesma forma balançava a cabeça com sinal de positivo, querendo fazer das palavras dela, as dele. Aos poucos a conversa foi saindo daquele clima tenso e se tornando extrovertida. Pareciam amigos, colegas. Eles riam. Ambos queriam a mesma coisa, mas não tinham coragem de tomar a primeira iniciativa e ir direto ao ponto. No fundo, ela sempre soubera que ele queria tanto quanto ela findar aquele romance falido, mas até aquele dia, não havia ganhado tanta coragem como naquele momento para fazê-lo. Depois de algum tempo trocando confidências, falando sobre o que mais os irritava um no outro, da vontade que sentiam de sair sozinhos e que achavam que já não existia mais amor naquela relação, resolveram dar uma chance para si mesmos de tentar ser feliz de novo: desta vez sozinhos. Mesmo tendo uma outra vida entre a vida deles, que sabiam, os uniria durante o resto de suas existências, eles resolveram tentar seguir caminhos diferentes, opostos. Estavam leves, tranquilos e quem diria - felizes. Ela levantou-se com um inexplicável ar de satisfação, olhou para ele e disse: “Vamos tentar assim!” Ele sorriu com os lábios e os olhos; e já deitado, virou-se para o outro lado se acomodando no colchão que estava no chão da sala. Respiraram fundo e pela primeira vez durante muito tempo sentiram paz! Aquele seria um dia importante na vida de ambos, onde pela milésima vez iam tentar encontrar a razão de suas vidas longe um do outro. Desta vez não podiam perder tempo, já haviam jogado muita coisa fora e agora era a hora de organizar os pensamentos e escolher o caminho mais coerente para recomeçar. Tudo parecia novo, perfumado e brilhante. Não disseram um ao outro, mas ambos sabiam que pensaram junto e ao mesmo tempo: “Graças a Deus, acabou! Eu já não aguentava mais.”

Um comentário: