sábado, 25 de setembro de 2010

Um amor maior.

Ela sentia por ele algo sem explicação - que de tão forte não conseguia traduzir em palavras. Era um sentimento nobre e intenso, que crescia a cada momento que passavam juntos, e juntos falavam da vida e seus segredos. Não era amor, era maior, mais forte e mais intenso que toda essa coisa de amar alguém. Juntos se completavam com um sentimento que fazia com que não conseguissem se afastar e ficar longe, por mais que a vida teimasse em querer os dividir em dois. Tinham confiança, carinho e um pouco de malícia - e tinham muitos segredos guardados neles, os segredos dele, os segredos dela e dos dois. Sempre juraram nunca se deixar e faziam declarações de amor um ao outro com frequência. Eles não eram namorados, mas era como se fossem, porque sempre foram e seriam um do outro - eternamente.

Penso tanto nele que até chega perder o sentido. É como quando a gente fala repetidamente a mesma palavra até soar estranha e desconhecida, até não sabermos mais seu verdadeiro significado, valor.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Um amor estranho.

É um amor estranho que existe entre nós. Algo do tipo "cada um na sua" com "flash back" de vez em quando. Tipo triângulo amoroso, mas que envolve quatro pessoas: duas se enganando e duas sendo enganadas. Não rola culpa porque é tudo tão sincero e espontâneo que parece ser obrigatório. Sentimos saudades, vontade de ligar, mas não ligamos. Se estamos perto os olhares se cruzam como se fossem imãs, daquele jeito desconfortável de não conseguir não olhar e ao mesmo tempo delicioso de saber que ambos olham. É um amor estranho, poderia ser normal, mas é estranho! Tem ausência, tem falta, tem lacunas abertas esperando serem preenchidas. E tem muito desejo esperando ser saciado. Tem vontade de estar perto, tocar, abraçar, conversar. Vontade de ver, vontade de poder ver, vontade de rever – e de reviver. É um amor estranho. É estranho porque é distante, porque é longe, porque vai além daquilo que podemos sentir - e compreender. É estranho porque somos nossos e ao mesmo tempo somos deles. Somos nossos e ao mesmo tempo não somos de ninguém. E porque somos apenas nossos. É estranho porque sabemos nos querer e deixamos que outros nos tenham. Sabemos nos querer e para tentar matar essa vontade de nos querermos a todo o momento, deixamos o tempo aos poucos ir apagando as nossas histórias e escrever em cima delas histórias novas.

sábado, 18 de setembro de 2010

As nossas fotos.

Eu guardei as nossas fotos. Ninguém sabe – mas eu guardei. Fingi jogar tudo fora e fazer aquela limpeza geral nas lembranças, nas memórias e no amor antigo que não existe mais, como quem tem certeza de que jamais voltará ao passado. Mas eu fingi, não joguei nossas fotos fora, não consegui. Elas estão guardadas, escondidas. Ninguém sabe onde estão e eu também finjo não saber, pra não olhar pra elas quando sentir saudades suas. Elas estão lá, eu sei e penso nisso de vez em quando. Não sei porque guardei, mas sei que enquanto olhava pra elas sentia que o amor ainda estava lá, naqueles momentos, e que não era hora de me desfazer das nossas histórias, mas era hora de tirar do meu ponto de vista e deixar por algum tempo descançando, só não sei por quanto tempo ainda. Eu guardei, não sei porque. Acho que lá no fundindo tenho esperança de um dia poder olhar pra elas contigo - e relembrar de tudo de novo, de como foi bom, do quanto foram felizes aqueles momentos. Acho que guardei porque nunca havia sentido isso antes ao olhar para uma simples foto: a certeza de que de que não acabou, e que virão várias destas ainda mais bonitas num futuro não muito distante.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

De cabeça pra baixo.

Essa vidinha de merda ta de sacanagem, só pode! E eu to aqui tentando descobrir qual foi o pecado mortal que eu cometi pra merecer tudo isso. Deve ser mal hereditário, praga, macumba, mal olhado, olho gordo, feitiçaria, ou no dia em que eu nasci tinha alguém de mal humor lá em cima. Quem sabe 87 não seja um bom ano pra numerologia, ou talvez eu tenha quebrando um espelho e esteja tendo meus sete anos de azar, vai saber... Só sei que desde que me conheço por gente a minha vida é essa tranqueira – sem eira nem beira, esse terremoto, tsunami, vulcão e todos os fenômenos naturais juntos, somados as sete pragas do Egito. Olha, até cheguei a pensar que ia passar... Primeiro pensei que fosse culpa da fasezinha nojenta da adolescência. Toda aquela transição - hormônios a flor da pele, mudanças no corpo e a indecisão comum de todos os pobres adolescentes normais. Só que daí o tempo foi passando, passando, mas a maré de azar, essa não passou. Eu fui levando, tentei me conformar acreditando que era uma fase, sei lá – tentando me convencer que uma hora ia melhorar. Puta-merda, já se passaram 23 anos e eu ainda to aqui acreditando, confiando, torcendo, esperando – na força, na fé. Na verdade não é todo dia. Tem dias que dá vontade de tocar o foda-se, chutar o pau da barraca e sumir do mapa. Mas a gente vai levando, às vezes empurrando com a barriga, às vezes passando noites em claro – mas continua porque tem tanta coisa em jogo, tanta gente, tantas vidas... A gente vai fazendo o que pode pra tentar viver em paz e põe todo dia um sorriso no rosto pra ver se as coisas melhoram, mas nem sempre dá certo – tem dias que é bem difícil e nem o sorriso ajuda. Ei, olha pra baixo, to aqui Deus, esperando a minha vez! Me manda um pouco de sorte, umas coisas boas, uns presentes, um pouco de amor, um bucadinho de esperança e muita, mas muita paciência, porque isso... Ah, isso ta acabando! Sei lá, manda qualquer coisa... Mas coisa boa, porque de coisa ruim já to de saco cheio viu! Faz isso, por favor! Senão eu juro que um dia desses eu desisto. Porque to começando a achar que viver é complexo demais pra mim. Vai ver eu caí aqui por engano e nem sou desse mundo. Acho que vou embora, procurar o meu lugar, meu canto, meu abrigo! É, quer saber? Cansei - e é isso aí.

domingo, 12 de setembro de 2010

Reviver o amor.

Sentada no banco traseiro do carro, esperava ansiosa pela chegada dele. Sem saber se realmente viria, seguia experimentando uma estranha sensação de certeza da sua chegada e medo. Naqueles eternos segundos de espera sentia crescer lá dentro uma fagulha de esperança que se misturava com o terror de ser esquecida para sempre por aquele que tanto amava - quando olhou para a porta da frente do carro e o viu entrando para sentar ali, ao seu lado. A emoção era tanta que não soube ao certo como agir. Então, seguindo seu coração deu nele um abraço apertado com toda força vinda de sua alma e a maior felicidade que já havia sentido pelos últimos seis meses. Ele retribuiu o abraço - e com um sorriso nos lábios e seus olhos castanhos fixos nos dela, se declarou sem precisar pronunciar uma só palavra. Como era grande aquela saudade que eles sentiam; e que agora aos poucos ia sendo aliviada. Aquele era um momento tão esperado pelos dois que esqueceram daqueles que os olhavam ao redor para ver como agiriam ao se reencontrarem. Eram apenas um, se completavam de novo - e de mãos dadas sentiam o amor um do outro passar por dentro deles como em uma corrente elétrica. Não falaram nada, não era preciso. Os corações de ambos reconheceram aquela batida familiar que há algum tempo estava ausente. Eles não enxergavam mais nada a sua volta - era impossível mesmo que quisessem. Naquele instante voltaram a ser um do outro, como se nunca tivessem se deixado. Lado a lado, de braços entrelaçados, e ela com a cabeça deitada no ombro dele, fecharam os olhos como se estivessem sonhando um sonho bom. No silêncio intocável daquele momento único e eterno, não ouviam mais nada além do pulsar de seus corações acelerados. Nunca haviam sentido nada igual antes – era como se a soma do pulsar forte de seus corações apaixonados estivessem se declarando um ao outro, dizendo: “te amo, te amo, te amo...”

Sobre preservar os sentimentos.

Sem hipocrisia - só a gente sabe dos nossos sentimentos. É muito cômodo falar pro outro: “bola pra frente”, “não era pra ser”, “esquece”, “vai passar”. Mas sentimentos não são como roupas que depois de velhas a gente doa ou joga fora - e vai correndo à loja comprar outra novinha em folha. Seria bom se assim fosse, prático, e confesso até bem mais divertido! Mas o problema é que estamos falando de pessoas, que sentem e vivem em função de outras pessoas, tentando todo dia fazer com que suas vidas se tornem mais felizes e suportáveis - de preferência com um toque mágico de amor. Seria mais fácil jogar no lixo aquela roupa velha e comprar uma nova no meu número, sem rasgos, cheiro de mofo e nem manchinhas. Mas quando olho pra ela lembro do quanto me foi útil e até indispensável em tantos momentos. Quantas vezes precisei sair às pressas e aquela camiseta básica e batida foi a minha salvação. Penso: “Talvez eu possa reformá-la.” Até já andei tirando as bolinhas brancas - aquelas que aparecem quando a gente guarda por muito tempo no armário. Como eu queria usá-la amanhã. Gosto tanto dela, me vestia bem e além de tudo era muito confortável. Talvez semana que vem. Antes preciso costurar uns buraquinhos que estão bem aparentes. A hora que estiver bonitinha de novo e customizada pra que ninguém repare que é aquela velha blusa de sempre, eu a visto. E quando vou precisar comprar outra? Ah, isso só Deus sabe!

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Ela e os pássaros.

Hoje o dia amanheceu bonito, claro. O céu estava azul. Azul com o humor dela, que variava milhares de vezes no decorrer de todo dia - evidenciando o auge de sua bipolaridade sentimental. Mas naquele momento sentia-se tranquila. Era bom olhar pela janela e ver os pássaros voando e pousando leve sobre os galhos das árvores altas e verdes da casa ao lado. Fazia algum tempo que não parava para observar a natureza e tentar encontrar-se no mais íntimo dela mesma. Parecia que enquanto olhava aquela cena tão simples, alcançava uma paz interior que já não sentia à décadas. Era bom experenciar aquilo. Gostaria de sentir-se assim todos os dias! Talvez a partir de agora, começasse a olhar pela janela com mais frequência; e deixar fluir a tranquilidade que os pássaros a transmitiam. Somente eles – ela e os pássaros, que dividiam aquele momento singular; os únicos seres com vida que habitavam ali naquele instante. Incrivelmente eles pareciam olha-la e sorrir - como se soubessem que aquela paz com a qual haviam a presenteado, seria vital para que ela pudesse continuar a viver.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Depois do fim.

Sentia um vazio gigantesco, um oco, um vácuo dentro do peito. Seu coração já não batia na intensidade normal, e cada vez mais ia sendo esmagado dentro daquele corpo sem vida que ela desfilava por aí, fingindo estar tudo bem. Transbordava de dentro dela uma tonelada de palavras - que há tanto tempo guardava só esperando a hora certa para poder despejar nele. Naquele momento pensou: “Agora é a hora” – e cheia de coragem foi até ele para acabar com tudo aquilo de uma vez por todas. Começou a falar sutilmente sobre seus sentimentos e sua frustração diante daquele relacionamento desgastado e infeliz. Ele ouvia atento a tudo, com um olhar pensativo, como se concordasse com cada palavra que ela dizia! Sentiam que aquele era o fim; e mesmo que nenhum deles confessasse a si mesmos que estava acabando, sentiam que o fluxo da conversa ia lentamente se aproximando do ponto onde tanto temiam chegar. Ela começou a confidenciar a ele tudo o que sentia e ele da mesma forma balançava a cabeça com sinal de positivo, querendo fazer das palavras dela, as dele. Aos poucos a conversa foi saindo daquele clima tenso e se tornando extrovertida. Pareciam amigos, colegas. Eles riam. Ambos queriam a mesma coisa, mas não tinham coragem de tomar a primeira iniciativa e ir direto ao ponto. No fundo, ela sempre soubera que ele queria tanto quanto ela findar aquele romance falido, mas até aquele dia, não havia ganhado tanta coragem como naquele momento para fazê-lo. Depois de algum tempo trocando confidências, falando sobre o que mais os irritava um no outro, da vontade que sentiam de sair sozinhos e que achavam que já não existia mais amor naquela relação, resolveram dar uma chance para si mesmos de tentar ser feliz de novo: desta vez sozinhos. Mesmo tendo uma outra vida entre a vida deles, que sabiam, os uniria durante o resto de suas existências, eles resolveram tentar seguir caminhos diferentes, opostos. Estavam leves, tranquilos e quem diria - felizes. Ela levantou-se com um inexplicável ar de satisfação, olhou para ele e disse: “Vamos tentar assim!” Ele sorriu com os lábios e os olhos; e já deitado, virou-se para o outro lado se acomodando no colchão que estava no chão da sala. Respiraram fundo e pela primeira vez durante muito tempo sentiram paz! Aquele seria um dia importante na vida de ambos, onde pela milésima vez iam tentar encontrar a razão de suas vidas longe um do outro. Desta vez não podiam perder tempo, já haviam jogado muita coisa fora e agora era a hora de organizar os pensamentos e escolher o caminho mais coerente para recomeçar. Tudo parecia novo, perfumado e brilhante. Não disseram um ao outro, mas ambos sabiam que pensaram junto e ao mesmo tempo: “Graças a Deus, acabou! Eu já não aguentava mais.”

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Sobre uma agonia sem fim.

Sentia dentro dela uma solidão leve, porém dolorosa. Era estranho saber que seu destino estava na palma de suas mãos, só esperando uma ordem dela para seguir viagem. Mas o que lhe faltava era um pouco mais de amor próprio e muita coragem. Quem sabe aquela fosse a hora de mudar, de fazer algo novo, tentar reinventar sua verdade, colorir seus dias com um pouco de ousadia. A cada segundo que via passar, pensava no tempo precioso que talvez estivesse desperdiçando com algo que não valesse a pena. Sabia que não estava feliz, mas sentia-se presa àquela situação como se alguém segurasse-a pelo braço e implorasse que não fosse embora. Intacta, olhando para os ponteiros do relógio de parede da cozinha, tentava imaginar-se em uma outra galáxia bem distante dali, onde nada, nem ninguém pudesse impedí-la de ser feliz e buscar àquele ao qual ela queria tanto estar perto. Pensava nele com carinho, com saudade, sonhava em abraçá-lo novamente, sentir o seu calor junto ao calor dela, mas isso infelizmente era apenas um desejo. Sabia que para que isso acontecesse, precisaria enfrentar metade do mundo e abrir mão de muitas coisas que possuía. Então, sem ter muita certeza de que isso daria certo, continuava ali, sonhando em como poderia ser feliz se o fizesse. Tentava convencer a ela mesma, que um dia tudo ficaria bem, era só uma questão de tempo e um pouco de sorte. Esperava que Deus ouvisse suas preces e que a mandasse muita sorte lá de cima. Não havia mais nada que ela pudesse fazer a não ser esperar. Enquanto isso, via ele desfilando de mãos pegadas com uma menina bonita, que agora ocupava o lugar que era só dela. Sofria, mas era forte para suportar mais essa dor, afinal, quantas dores já havia superado... Ela estava totalmente, profundamente, irremediavelmente insatisfeita com sua vida, mas precisava seguir em frente. “Amanhã quando acordar quem sabe as coisas estejam melhores” pensava em todas as noites terríveis de insônia que vivera.  E nas madrugadas, ao deitar na cama, ainda sem muito sono, tentava buscar lá dentro; uma esperança que a fazia acreditar que quando abrisse seus olhos na manhã seguinte, tudo ao seu redor estaria renovado. Esperava. Tinha fé. Acreditava que iria superar aquilo. Era só uma fase ruim. Uma maré de azar. Mas a cada dia que passava, sentia-se mais desgastada e desmotivada. Há tanto tempo procurava pela felicidade que já não sabia o que era “felicidade”. Pensava tanto nesta palavra, que ela acabou por perder o sentido. Parecia algo inatingível, irreal. Assim, continuava a viver desta forma, para ver até onde seria capaz de chegar. “Talvez a felicidade nem existisse” pensava buscando se conformar. Ou quem sabe, por puro azar, era ela quem infelizmente não havia nascido para ser feliz.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Um outro mundo.

Todo esse inferno, porque você mesmo ausente consegue fazer com que eu sinta de novo todas aquelas coisas chatas e desconcertantes - que alguns chamam de sentimento! Raiva. Culpa. Impotência. Desesperança. Mas com certeza, o sentimento mais intenso que você me provoca é uma infelicidade desgraçada e sem fim. Tudo pela tua falta. Tudo pela tua ausência. Pelo pedaço aberto que ficou latejanto dentro de mim, desde que eu resolvi partir - e te deixar partir. Eu sei, tudo poderia ter sido diferente. Fui eu quem escolhi, eu quem procurei. E achei! Eu mesma cavei essa cova maldita; e de olhos fechados me joguei dentro dela sorrindo - pensando que fosse fácil sair daqui depois de estar totalmente enterrada debaixo dessa terra que pesa e sufoca. É que eu achei que aqui fosse mais seguro, tranquilo. Mas não foi assim... Tudo isso porque eu não consigo assumir o controle sobre a minha própria vida e criar aquela coragem maluca pra largar tudo e fugir contigo, pro teu mundo louco, obscuro - mas que pra mim é o melhor lugar que existe - o meu abrigo, o meu refúgio, onde posso deixar a loucura aflorar, o desejo arder, a alegria flutuar. Tudo porque eu queria correr de volta pra esse teu tentador mundo proibido, o único lugar que agora, poderia me fazer sentir viva de novo, ao menos por um momento. 

domingo, 5 de setembro de 2010

Ciclo sem fim.

Porque sei que hoje dói como ferida aberta sendo pressionada fortemente: sangra, lateja, enlouquece sem cessar. Porém, amanhã é outro dia e quando a madrugada for embora, levará com ela essa loucura que vem se abrigar dentro de mim todas as noites. É permanente, como um ciclo vicioso que ao término de cada dia longo e sem cor, volta a me fazer sentir as náuseas que essa lembrança me trás. Forte, lúcida, intensa. Mas me poupo, reservo, não desespero, porque sei que todos os dias ao amanhecer nasce com o sol uma nova oportunidade de tentar aquecer meu coração frio, na esperança de esquecê-lo pra sempre, e ser feliz, sem precisar dele: aquele que é a metade perdida de mim.