quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Amadurecer.

Sabe, andei pensando em alguns episódios da minha vida. Coisas que vivenciei, que foram (na época) trágicas ao extremo e me causaram um enorme sofrimento, porém, olhando deste ângulo me soam como bobagens! A gente passa pela fase da adolescência. Aquela transição chata, onde tudo é um drama mortal, e pensa que sabe o que é sofrimento quando olha no espelho e se vê com uma espinha enorme bem no meio da testa no dia da festinha da escola. Eu em particular, passei por essa fase. Me descabelava só em pensar em estragar o cabelo com um corte errado. Certa vez, fui ao cabeleireiro e pedi que me fizesse o corte “V” aquele da moda na época, que a gente via a cada três passos que dava na rua, no cabelo de todas as menininhas de 15 anos. Pois bem, o problema é que meu cabelo não ficou como o das “coleguinhas” como eu esperava e eu chorei durante uns cinco dias a fio, até que consegui raciocinar que o cabelo é uma das poucas coisas do corpo da gente corta e sempre cresce de novo. Pra mim, cada coisa que dava errado era uma tragédia grega, um desenrolar de novela mexicana daquelas bem melosas, onde a personagem principal é a vítima sofredora, coitada! Então, traumas da adolescência a parte, cheguei ao ponto onde desejava... A gente vai crescendo, aprendendo, evoluindo. Chega um dia em que compreendemos que por mais que tenhamos sofrido muito, passado por maus bocados em diversas etapas da vida, sempre vem algo ainda maior depois para nos desestruturar, tirar o chão, mas também para ensinar. Não que a ideação suicida dos 15 anos pela espinha na testa não tenha o seu valor, longe disso, acho muito importante e até indispensável passar por essa fase, afinal, é aí que começamos a aprender a lidar com o sofrimento, com a dor... Mas quando a maturidade vem, nos possibilita olhar para os problemas sem aquela distorcida lente de aumento, buscando encontrar sempre as possibilidades e não o beco sem saída. Nunca tinha prestado atenção nisso, mas através destes pensamentos, eu enxerguei o quanto evoluí, como pessoa, ser humano, mulher. Se pararmos para pensar no decorrer de toda nossa vida, quantas vezes brigamos, pensamos em desistir e até achamos que não éramos capazes de realizar algo que olhando hoje, com maturidade, experiência e calma, era apenas uma questão de pensar, planejar, ter fé e o mínimo de coragem para encarar a realidade. A vida acontece a todo o momento, não tem pause, replay ou reprise, é real e nos cobra que sejamos reais, capazes de buscar ideais e lutar por nossos sonhos. Eu descobri depois de muito tempo sem nem ao menos sentir a sua falta, que não deixo mais a menina de 15 anos dentro de mim me dominar. Ela passou. Foi bom e divertido estar com ela e essencial para minha vida tê-la conhecido. Mas hoje, ela não me serve mais como modelo; eu busco todos os dias, em todos os problemas que preciso resolver e vivenciar a mulher madura dentro de mim. A menina de 15 anos é linda, meiga e inocente e está guardada lá dentro, fechadinha e sorridente, torcendo por mim. Eu não preciso mais dela, mas a escuto me dizendo todos os dias quando acordo: agora é sua vez, VOCÊ PODE!

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