domingo, 10 de outubro de 2010

Sintonia.

Ele olhou para ela com ar de saudade e malícia - e perguntou se era proibido. Ela respondeu: - Nada é proibido! Ambos deram um meio-sorriso de lábios fechados, sorrindo também com os olhos - que continuavam fixos uns nos outros e sem piscar. Ela desviou seu olhar do dele por não aguentar encarar os olhos castanhos que brilhavam tanto na sua frente, a hipnotizando. Ele reparava nela a cada movimento sutil que fazia, como se estivesse admirando uma jóia rara. Estava de pé encostado na parede na frente dela, que permanecia sentada olhando fixo para o chão, tentando disfarçar o nervosismo de estar perto dele. De novo estavam frente a frente. Não se tocaram, abraçaram, nem tiveram nenhum contato físico, mas mesmo assim podiam sentir o calor que um passava para o outro - e se aqueciam de longe, vencendo o vento gelado daquela noite fria. Estavam envoltos por uma sintonia incomum, harmonia, reciprocidade de sentimentos - assim como era sempre que se encontravam. Não queriam deixar de estar perto, mas precisavam ir, tinham suas vidas, seus compromissos, outras pessoas que os esperavam. Sabiam que se desejavam mutuamente e isso já era o bastante. Saber que o amor ainda morava neles era uma esperança. Saber que o amor ainda morava neles, mesmo depois de tanto tempo ausentes soava como uma oportunidade única, talvez a última, de recomeçar.

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