Ela olhava para o lado e ao vê-lo ali não continha o riso. Era engraçado. Engraçado, não por ser simplesmente engraçado, mas por ser uma cena que nunca imaginara, uma ironia do destino, uma coisa quase que irreal. Ainda mais engraçado que vê-lo, era o sentimento que ele a causava: frio na barriga, tremores, perna bamba e vontade de chegar mais perto. Ela imaginava, em sua cabecinha que não parava de funcionar nenhum segundo, o quanto aquele momento era especial para ele. Aquele que ali estava - homem, garoto, menino, não estava por acaso. Era coisa antiga, caso marcado, acredito que destino traçado. Talvez fosse a fé dele que movesse montanhas, ou simplesmente os olhos dela que haviam se aberto para o mundo. Eles não sabiam por que, nem como estavam ali, mas estavam, e estavam de corpo inteiro e alma aberta. Ele sempre lutara por ela. Ela sempre fugira dele! Era assim e foi por muito tempo... Até que um belo dia algo mudou: e ela, em pleno auge de sua vida conturbada e cheia de entulhos, percebeu nele uma oportunidade de se realizar e ser feliz. E assim aconteceu... Ali estavam, juntos, agora na mesma sintonia, com o mesmo objetivo, sentindo a onda boa que se propagava no ar os fazendo pisar leve, como que nas nuvens. Ela pensava em como demorou a enxergar que ele poderia a libertar de seus medos e tirá-la daquele mundo de amargura. Ele, ainda não acreditando estar ao lado dela, simplesmente aproveitava cada segundo como se fosse o último, com medo de que assim como das outras vezes em que sonhou com ela, tudo acabasse ao amanhecer quando abrisse os olhos.
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